Na China, Lula destaca importância do planejamento estatal para o crescimento econômico

Em pronunciamento que encerrou o Fórum Empresarial Brasil-China, na manhã desta segunda-feira (12/05) em Pequim, o presidente Luís Inácio Lula da Silva destacou que o comércio entre os dois países aumentou aproximadamente trinta vezes desde 2003, a partir de seu primeiro mandato, e que o potencial é, em suas palavras, inesgotável. E que o aproveitamento desse potencial depende, no Brasil, de planejamento estatal.
“É importante lembrar que em 50 anos de relações bilaterais, nosso comércio evoluiu de maneira extraordinária. Só para se ter ideia, o nosso comércio de 2003 até 2025 cresceu aproximadamente 30 vezes. Em uma demonstração de que o potencial da relação entre China e Brasil é inesgotável(…)”
“Para manter essa trajetória mutuamente benéfica, estamos recuperando a capacidade de planejamento do Estado brasileiro.”
Lula ressaltou que mudanças estruturais estão em curso no Brasil, durante o atual Governo Federal, que garantem segurança a investidores, como a reforma tributária. Por conta desse novo momento, segundo o presidente brasileiro, a economia nacional tem apresentado crescimento consistente. Fazendo paralelo com a Revolução Chinesa, Lula disse ainda que seu governo tem a preocupação em traduzir crescimento com distribuição de resultados com o conjunto da população.
“Aqui é só importante lembrar aos empresários brasileiros e chineses de que o Brasil é um país que hoje ele garante estabilidade fiscal aos investidores; ele garante estabilidade econômica aos investidores; ele garante estabilidade jurídica aos investidores; ele garante estabilidade política aos investidores; e, mais importante, é que ele garante estabilidade social (…)”
“É a única razão que eu acredito que valeu a pena a Revolução Chinesa em 1949 e o que valeu as nossas eleições no Brasil é provar que quando um governo tem compromissos sociais e não esquece as origens daqueles que chegaram ao poder e querem governar para todos, as coisas melhoram (…)”
“É importante lembrar a vocês que a última vez que o meu Brasil cresceu acima de 3% — a última vez depois de 2010 — foi agora na minha volta à Presidência da República. Nós crescemos 7,5% em 2010, depois o Brasil parou de crescer e, somente quando nós voltamos em 2023, o Brasil voltou a crescer acima de 3%.”
O presidente brasileiro não deixou de citar que as relações com a China são conduzidas por regras de mercado e que, portanto, não há incoerência entre os marcos do capitalismo e a atuação do Estado como indutor do crescimento e como orientador dos investimentos. Lula recordou que ele não teve dúvidas em reconhecer a China como economia de mercado, em 2003, quando parte dos demais países se recusava a fazê-lo. Tal reconhecimento, posteriormente replicado por outros países, em escala multilateral, foi necessário para que a China pudesse ampliar seu comércio, sem ser enquadrada em antigas restrições:
“É por isso que nós tratamos essa relação com a China com muito carinho. Com muito carinho, porque eu lembro que foi na primeira visita do presidente Hu Jintao [ex-presidente da República Popular da China] ao Brasil, eu era recém eleito presidente do Brasil, quando a China reivindicava que fosse reconhecida como economia de mercado. Ninguém queria reconhecer a China como economia de mercado.
Pois eu tive a sensatez de reconhecer a China como economia de mercado. E passados 20 anos, eu não me arrependo de ter tomado aquela decisão, porque a China hoje é o maior parceiro comercial do Brasil e é, possivelmente, o maior receptor dos produtos produzidos pelo nosso país (…)”
Leia e assista ao pronunciamento:
“Meu caro amigo, vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e presidente da Confederação de Indústria e Comércio de toda a China, Gao Yunlong; meu caro companheiro Davi Alcolumbre, presidente do Senado Federal Brasileiro e presidente do Congresso Nacional; meu caro deputado federal Elmar Nascimento, 2º vice-presidente da Câmara, que está aqui representando o nosso presidente da Câmara, Hugo Motta, que não pôde comparecer; companheiros, deputados, deputadas, senadores, senadoras, empresários, empresárias; meu caro governador Rafael [Rafael Fonteles, governador do Piauí] e governador Jerônimo [Jerônimo Rodrigues, governador da Bahia], muito obrigado por terem comparecido a esse encontro extraordinário entre empresários chineses e empresários brasileiros.
Meus queridos companheiros representantes de instituições brasileiras, que estão aqui, é extremamente importante a quantidade de ministros que viajaram comigo e alguns ministros que já tinham vindo há 15 dias atrás na China para preparar essa viagem. Tudo isso é uma demonstração daquilo que representa hoje a relação China-Brasil.
Eu vou ler um pequeno discurso devagar para que o intérprete não se canse muito e para que todos possam compreender o que eu estou falando aqui. Eu quero começar dizendo a vocês que esse Fórum Empresarial é mais uma demonstração de que China e Brasil constroem juntos uma história de muito sucesso.